Esta manhã, no MNAA, fizeram-me ver para o retrato de S. Jerónimo, de A. Dürer. E como vi o que vi, nunca mais verei as obras deste artista de outra maneira. Depois reli uma crónica que Anabela Mota Ribeiro escreveu sobre este pintor. Mais curiosa fiquei, e o fascínio cresceu.
Finalmente a Curiosity chegou a Marte. Não é maravilhoso? Um sonho de intemporal que se realiza. Tantas perguntas que poderão ser respondidas. E tantas perguntas novas que serão colocadas. Como por exemplo, o que vai acontecer à Curiosidade quando a sua missão acabar? Arsene Desbois em Le Néandertalien Illustré, avança com uma resposta creio que baseada no que se passa nas explorações à superfície da Terra. Pode ser que o futuro não lhe dê razão.
Um vício absoluto, confesso. Começou nos Açores como forma de iludir as distâncias, o custo exorbitante dos telefonemas, as semanas que as cartas levavam no vai-e-vem. Agora que nenhuma dessas razões existe, eu não consigo imaginar a minha vida sem internet.
Um vício absoluto que é preciso rever e ultrapassar. Decidi começar uma desintoxicação definindo um horário diário. Depois se verá.
Por isso achei interessante o desafio colocado por esta personagem do Dr. Monster:
Acabam os feriados. Quatro a quatro que é para ser mais rápido. E as datas significativas vão ficando à escolha de cada um. Nas famílias chama-se a atenção para uns dias que os adultos achem importantes. Os professores destacarão outros dias. E por aí fora.
Quem sabe? Pode até pôr-se em risco a própria unidade nacional ao esquecermos alguns marcos importantes da construção da nossa identidade como nação. E isso em nome de um subjetivo aumento da produtividade.
Uma coisa é certa, é um mundo novo este em que vivemos, em que as fronteiras nacionais e a noção de soberania têm significados diferentes daqueles que eu aprendi a dar-lhes.
Adaptar-nos-emos.
E, lá por não ser feriado, amanhã não devemos esquecer de recordar o 31 de janeiro. Passaram 121 anos.
‘I wish it need not have happened in my time,’ said Frodo.
‘So do I,’ said Gandalf, ‘and so do all who live to see such times. But that is not for them to decide. All we have to decide is what to do with the time that is given us.’
– J.R.R. Tolkien, Lord of the Rings
Estas palavras de António Barreto deixaram-me a pensar sobre a forma como tenho conduzido/preparado as minhas aulas de História e de História da Cultura e das Artes:
«Se eu pudesse desenhar um currículo ideal para a formação dos últimos cinco anos na escola, desenhava-o com sete ou oito disciplinas, e único para todos. E, sem dúvida, juntava: Português, Filosofia, Matemática, História das Ciências e História das Artes. Isto seria para todos. Se for de Humanidades e eu lhe perguntar a que temperatura ferve a água, o que é um radiador ou o que é o genoma, não sabe. Se perguntar a alguém das Ciências Exactas quem escreveu o Só ou quem compôs o Rigoletto, não sabe. Esta separação é terrível.»
Maria João Alexandre, “António Barreto. Um olhar social” in CX. A Revista da Caixa, N.º 3, Janeiro | Março 2011, Lisboa, p. 59.
Aborrece-me essa moda de rotular pessoas, gerações, ideias e o que quer que seja.
Até por isso me irrita esta tónica em falar de uma “geração à rasca”.
Não é preciso saber muito de História para perceber que não houve nenhuma geração que não se sentisse “à rasca”. A maior parte delas tiveram de enfrentar dificuldades infinitamente maiores e, para as ultrapassarem, realizaram maravilhas de e fizeram conquistas de que hoje beneficiamos. Coragem, jovens! Só tendes de ser jovens e acreditar em vós.
Mais do que a um país
Que a uma família ou geração
Mais do que a um passado
Que a uma história ou tradição
Tu pertences a ti
Não és de ninguém
Mais do que a um patrão
Que a uma rotina ou profissão
Mais do que a um partido
Que a uma equipa ou religião
Tu pertences a ti
Não és de ninguém
Vive selvagem
E para ti serás alguém
Nesta viagem
Quando alguém nasce,
Nasce selvagem
Não é de ninguém.
Música: Fernando Cunha
Letra: Miguel Ângelo
Intérprete: Resistência In: Palavras ao vento
Não consigo ter uma opinião definitiva sobre o acordo ortográfico. É verdade que, por um lado, não me imagino a deixar de escrever Egipto ou Abril, mas por outro lado, compreendo que a língua escrita deve ser tão viva como a língua falada…
“Un idioma es una tradición, un modo de sentir la realidad, no un arbitrario repertorio de símbolos.”
Jorge Luis Borges ( 1899-1986 )
A foto, belíssima, é de S. Kubrick, que em 1948 visitou Portugal e registou o que viu.
[Dou-lhe duas opções que não se excluem: se fizer download da foto, poderá vê-la em tamanho xxl e em hd; se carregar na foto, poderá ler um artigo sobre esta faceta menos conhecida de SK]
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